"Sem teoria revolucionária não há prática revolucionária"
A Universidade Vermelha consiste em módulos de formação política da Esquerda Marxista - Seção Brasileira da Corrente Marxista Internacional

O projeto de formação da Universidade Vermelha funciona através de módulos que ocorrem simultaneamente em vários estados do Brasil. São cursos livres, abertos, de 1 dia de duração, ministrados não por acadêmicos, mas por militantes revolucionários que unem o estudo da teoria com a luta prática pela organização da classe trabalhadora e da juventude para a tomada do poder e a construção do socialismo. Os módulos são independentes e gratuitos. Participe!
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6 de maio de 2014

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17 de maio de 2013

"90 Anos do Manifesto Comunista"

Leon Trostky, 30 de Outubro de 1937
Custa acreditar que apenas dez anos nos separam do centenário do Manifesto do Partido Comunista. Este manifesto, o mais genial entre todos os da literatura mundial, surpreende-nos ainda hoje pela sua atualidade. Suas partes mais importantes parecem ter sido escritas ontem. Sem dúvida alguma, os jovens autores (Marx tinha 29 anos e Engels 27 ) souberam antever o futuro como ninguém antes e como poucos depois deles. 

No prefácio à edito de 1872, Marx e Engels afirmaram que, mesmo tendo certos trechos secundários do Manifesto envelhecido, não tinham o direito de modificar o texto original, visto que, no decorrer dos vinte e cinco anos então passados ele já se transformara em um documento histórico. De lá para cá mais sessenta e cinco anos transcorreram. Algumas partes isoladas envelheceram ainda mais. Consequentemente, neste prefácio apresentaremos, de forma resumida, as idéias do Manifesto que, até nossos dias conservam integralmente sua força e aquelas que necessitam de sérias modificações ou complementos.


1. A concepção materialista da História, formulada por Marx pouco tempo antes da aparição do texto e que nele se encontra aplicada com perfeita maestria, resistiu completamente à prova dos acontecimentos e aos golpes da crítica hostil. Constitui-se, atualmente, em um dos mais preciosos instrumentos do pensamento humano. Todas as outras interpretações do processo histórico perderam todo significado científico. Podemos afirmar, com segurança, que anualmente é impossível não apenas ser um militante revolucionário, mas simplesmente um observador politicamente instruído sem assimilar a concepção materialista da História.

2. "A História de todas as sociedades até os nossos dias não foi senão a história elas lutas de classes." O primeiro capítulo do Manifesto começa por esta frase.

Esta tese, que constitui a mais importante conclusão da concepção materialista da História, em pouco tempo transformou-se em elemento da luta de classes. A teoria que trocava o "bem estar comum", a "unidade nacional" e as "verdades eternas da moral" pela luta entre interesses materiais, considerados como a força motriz da História, sofreu ataques particularmente ferozes da parte de reacionários hipócritas, doutrinários liberais e democratas idealistas. A eles acrescentaram-se mais tarde, desta vez a partir do próprio movimento operário, os ataques dos chamados revisionistas, isto é, dos partidários da revisão do marxismo em favor da colaboração e conciliação de classes. Finalmente, em nossa época, os desprezíveis epígonos da Internacional Comunista (os stalinistas) tornaram o mesmo caminho: a política daquilo a que se dá o nome 'frentes populares" decorre, inteiramente, da negação das leis da luta de classes. Entretanto, vivemos na época do imperialismo que, levando todas as contradições sociais ao seu extremo, demonstra o triunfo teórico do Manifesto do Partido Comunista.

3. A anatomia do capitalismo, visto este como um estágio determinado da evolução econômica da sociedade, foi destrinchada por Marx de forma cabal em O Capital (1867). Mas, já no Manifesto as linhas fundamentais da análise futura foram traçadas com clareza: a) a retribuição à força de trabalho do equivalente de sua reprodução; b) a apropriação da mais-valia pelos capitalistas; c) a concorrência como lei fundamental das relações sociais; dg a ruína das classes médias, isto é, da pequena burguesia das cidades e do campesinato; e) a concentração da riqueza nas mãos de um número cada vez mais reduzido de possuidores, em um dos pólos sociais, e o crescimento numérico do proletariado em outro; f) a preparação das condições materiais e políticas prévias ao regime socialista

4. A tendência do capitalismo em rebaixar o nível de vida dos operários, a torná-los cada vem meais pobres. Esta tese foi violentamente atacada. Os padres, os professores, os ministros, os jornalistas, os teóricos sociais-democratas e os dirigentes sindicais levantaram-se contra a assim chamada teoria do "empobrecimento". Invariavelmente enumeravam sinais do bem-estar crescente dos trabalhadores, tomando a aristocracia operária por todo o proletariado, ou tomando uma tendência temporária por uma situação perdurável. Paralelamente, a própria evolução do mais poderoso capitalismo, o dos Estados Unidos transformou milhões de operários em párias, sustentados às custas da caridade estatal ou privada.

5. Em oposição ao Manifesto, que descrevia as crises comercial-industriais como uma série de crescentes catástrofes, os revisionistas afirmavam que o desenvolvimento nacional e internacional dos monopólios garantiria o controle do mercado e a abolição gradual das crises. Não há dúvida de que a passagem do século passado ao atual caracterizou-se por um desenvolvimento tão impetuoso do sistema que as crises pareciam interrupções "acidentais". Mas esta época es' irremediavelmente ultrapassada Em última análise, também com respeito a esta questão, a verdade está do lado de Marx.

6. "O governo moderno nada mais é do que um comitê para administrar os negócios comuns de toda a classe burguesa." Nesta fórmula sucinta, que os dirigentes social-democratas desprezavam como um paradoxo jornalístico, encontra-se, na verdade, a única teoria científica sobre o Estado. A democracia idealizada pela burguesia não é, como pensavam Bernstein e Kautsky, uma casca vazia que se pode, tranqüilamente, encher sem se importar com o conteúdo. A democracia burguesa só pode servir à burguesia. O governo de "Frente Popular" dirigido por Blum ou Chautemps, Caballero ou Negrin é tão somente "um comitê para administrar os negócios comuns de toda a classe burguesa". Quando este comitê se sai mal em seus negócios, a burguesia expulsa-a do poder a pontapés.

7. "Toda luta de classe é uma luta política" "A organização dos proletários em classe é, consequentemente, a sua organização em partido político..." Os sindicalistas por um lado e os anarco-sindicalistas, por outro, durante muito tempo, e ainda hoje, vêm procurando fugir à compreensão dessas leis históricas. O sindicalismo 'puro" recebeu, atualmente, um golpe fulminante em seu principal refúgio: os Estados Unidos. O anarco-sindicalismo sofreu uma derrota esmagadora em sua última cidadela, a Espanha. Como nas outras questões também aqui o Manifesto demonstrou estar certo.

8.0 proletariado não pode conquistar o poder por meio das leis promulgadas pela burguesia. "Os comunistas... proclamam abertamente que seus fins só podem ser atingidos pela derrubada violenta da ordem social existente." O reformismo tentou explicar esta tese do Manifesto pela imaturidade do movimento operário da época e pelo insuficiente desenvolvimento da democracia. A sorte das "democracias" italiana e alemã, e de muitas outras, demonstrou que se alguma coisa não estava madura eram as próprias idéias reformistas

9. Para a transformação socialista da sociedade é necessário que a classe operária concentre em suas mãos o poder capaz de varrer todos os obstáculos políticos que se anteponham em sua trajetória até a nova ordem. "O proletariado organizado em classe dominante", eis o que é sua ditadura. Ao mesmo tempo, trata-se da única e verdadeira democracia proletária. Sua amplitude e profundidade dependem das condições históricas concretas. Quanto maior for o número de Estados que se lançarem no caminho da revolução socialista, mais livres e flexíveis serão as formas da ditadura, mais ampla e profunda será a democracia operária.

10. O desenvolvimento internacional do capitalismo determina o caráter internacional da revolução proletária. Uma das primeiras condições para a emancipação da classe operária consiste em sua ação comum, pelo menos nos países civilizados. O desenvolvimento posterior do capitalismo uniu de forma tão estreita as diversas partes de nosso planeta, as "civilizadas" e "não civilizadas", que o problema da revolução socialista adquiriu, completa e definitivamente, um caráter mundial. A burocracia soviética tentou liquidar o Manifesto nessa questão fundamental, mas a degeneração bonapartista do Estado soviético é a mortal ilustração do engodo que significa a teoria do "socialismo em um só país".

11. "A partir do momento em que, mo curso do desenvolvimento, as diferenças de classe tenham desaparecido e que toda a produção este)a concentrada rias mãos de indivíduos associados, o poder público perde seu caráter político." Em outras palavras, o Estado extingue-se. Resta a sociedade liberta de sua camisa-de-força. E é exatamente isso o socialismo. O teorema inverso: o monstruoso crescimento da imposição e violência estatais na URSS demonstra que a sociedade soviética se afasta do socialismo.

12. "Os operários não têm pátria." Esta frase do Manifesto foi freqüentemente considerada pelos filisteus como uma simples fórmula de agitação. Na verdade, ela oferece ao proletariado a única diretriz justa a respeito da "pátria" capitalista. A supressão deste princípio pela II Internacional conduziu não apenas à destruição da Europa durante quatro anos mas também à atual estagnação da cultura mundial. Diante da nova guerra que se aproxima, cujo caminho foi aberto pela III Internacional, o Manifesto permanece, ainda hoje, o mais seguro conselheiro sobre a questão da 'pátria" capitalista.

Vemos, portanto, que esta pequena obra dos dois jovens autores continua a fornecer indicações indispensáveis a respeito das questões mais fundamentais e candentes da luta pela emancipação. Que outro livro poderia, mesmo que de longe, estar à altura do Manifesto do Partido Comunista. Entretanto, isto não significa, absolutamente, que, após noventa anos de desenvolvimento sem parar das forças produtivas e de grandiosas lutas sociais, o Manifesto não tenha necessidade de retificações e complementos. O pensamento revolucionário nada tem em comum com a idolatria. Os programas e os prognósticos verificam-se e corrigem-se à luz da experiência, que é para o pensamento humano a suprema instância O Manifesto requer correções e complementos. Entretanto, mesmo correções e complementos não podem ser aplicados com sucesso senão nos servimos do mesmo método que se encontra à base do Manifesto, como, além disso, o prova a própria experiência histórica. Mostraremos isso servindo-nos dos exemplos mais importantes.

1. Marx ensina que nenhuma ordem social deixa a cena antes de ter esgotado suas possibilidades criadoras. O Manifesto ataca o capitalismo porque ele bloqueia o desenvolvimento das forças produtivas. Contudo, na sua época e mesmo durante várias décadas seguintes, este entrave possuía apenas um caráter relativo. Se, na segunda metade do Século XIX tivesse sido possível à economia se organizar sobre fundamentos socialistas, o ritmo de seu crescimento teria sido incomparavelmente mais rápido. Esta tese, teoricamente incontestável, não modifica o fato de que as forças produtivas continuaram a crescer em escala mundial, e sem interrupção, até a Primeira Guerra Mundial. Foi unicamente nos últimos vinte anos que, malgrado as mais modernas conquistas científicas e técnicas, se abriu a época da estagnação completa e da própria decadência da economia mundial. A humanidade começa a viver do capital acumulado e a próxima guerra ameaça destruir por longo tempo as próprias bases da civilização. Os autores do Manifesto pensavam que o capital seria liquidado muito antes de passar de ser um regime relativamente reacionário para a sua fase absolutamente reacionária. Esta transformação, porém, só se consumou aos olhos da atual geração, fazendo de nossa época a época de guerras, revoluções e do fascismo.

2. O erro de Marx e Engels a respeito dos prazos históricos decorria, de um lado, da subestimação das possibilidades posteriores inerentes ao capitalismo e, de outro, da superestimação da maturidade revolucionária do proletariado. A revolução de 1848 não se transformou em revolução socialista, como o Manifesto havia previsto, mas criou, para a Alemanha, a possibilidade de um formidável desenvolvimento capitalista. A Comuna de Paris demonstrou que o proletariado não pode arrancar o poder à burguesia sem ter à sua frente um partido revolucionário experiente. Ora, o longo período de desenvolvimento capitalista que se seguiu à Comuna conduziu não à educação de uma vanguarda revolucionária, mas, ao contrário, à degeneração burguesa da burocracia operária que se tornou, por sua vez; o principal obstáculo à vitória da revolução proletária. Esta "dialética "os autores do Manifesto não podiam prever.

3. Para o Manifesto, o capitalismo é o reino da livre concorrência. Referindo-se à crescente concentração do capital, o texto não tira deste fato a necessária conclusão a respeito dos monopólios, que se transformaram na força dominante do capitalismo em nossa época, premissa mais importante da economia socialista. Foi apenas mais tarde, em O Capital que Marx constatou a tendência para a transformação da livre concorrência em monopólio. A caracterização científica do capitalismo monopolista foi dada por Lênin em seu livro Imperialismo, Estágio Superior do Capitalismo.

4. Tomando como base sobretudo o exemplo da "Revolução Industrial" inglesa, os autores viam de maneira muito unilateral o processo de liquidação das classes médias com a proletarização completa do artesanato, do pequeno comércio e do campesinato. Na verdade, as forças elementares da concorrência ainda não finalizaram esta obra, ao mesmo tempo progressista e bárbara. O capital arruinou a pequena burguesia bem mais rapidamente do que a proletarizou. Por outro lado, a política consciente do Estado burguês, há muito tempo, visa conservar artificialmente as camadas pequeno-burguesas. No pólo oposto, o crescimento da técnica e a racionalização da grande produção, ao mesmo tempo em que engendram um desemprego orgânico, freiam a proletarização da pequena burguesia. Houve um extraordinário adormento do exército de técnicos, administradores, empregados de comércio, em uma palavra, daquilo que é chamado de "novas classes médias". O resultado de tudo isso é que as classes médias cujo desaparecimento o Manifesto previa de modo tão categórico, constituem, mesmo em um país altamente industrializado como a Alemanha, quase a metade da população. Mas a conservação artificial das camadas pequeno-burguesas, desde há muito caducas, em nada atenua as contradições sociais; torna-as, pelo contrário, particularmente, mórbidas. Somando-se ao exército permanente de desempregados, ela é a expressão mais nociva do apodrecimento capitalista

5. O Manifesto, escrito para uma época revolucionária, contém, no final do segundo capítulo, dez reivindicações que respondem ao período da imediata transição do capitalismo ao socialismo. No prefácio de 1872, Marx e Engels mostraram que essas reivindicações se encontravam parcialmente superadas e que, de qualquer modo, não tinham mais que um significado secundário. Os reformistas se apoderaram desta avaliação para interpretá-la no sentido que, para eles, as palavras-de-ordem revolucionárias transitórias davam definitivamente lugar ao "programa mínimo" da social-democracia que, como sabemos não ultrapassava os limites da democracia burguesa.

Na verdade, os autores do Manifesto indicaram de modo preciso a principal correção a ser feita em seu programa transitório: "Não basta que a classe operária se utilize da máquina estatal para colocá-la a serviço de seus próprios fins. "A correção era contra o fetichismo a respeito da democracia burguesa. Ao Estado burguês, Marx opôs, mais tarde, o Estado do tipo da Comuna. Este "tipo" tomou, em seguida, a forma muito mais precisa de sovietes. Em nossos dias não pode haver programa revolucionário sem soviets e sem poder operário. Quanto ao mais isto é, às dez reivindicações do Manifesto que na época da pacífica atividade parlamentar, pareceram "caducar", é preciso que se diga que recobraram, hoje, todo seu verdadeiro significado. O que caducou inapelavelmente foi o "programa mínimo" social-democrata.

6. Para justificar a esperança de que "a revolução burguesa alemã... será o prelúdio da revolução proletária", o Mania esta cita que as condições gerais da civilização européia de então, assim como do proletariado, eram bem mais desenvolvidas do que na Inglaterra do Século XVII ou na França do Século XVIII. O erro deste prognóstico não está apenas na questão do prazo, Alguns meses mais tarde, a Revolução de 1848 mostrou, precisamente, que, em presença de condições mais avançadas, nenhuma das classes burguesas é capaz de levar a revolução até o fim: a grande e a média burguesia estão muito ligadas aos proprietários fundiários e muito unidas pelo medo das massas; a pequena burguesia muito dispersa e seus dirigentes muito dependentes da grande burguesia. Como demonstrou a posterior evolução dos acontecimentos na Europa e na Ásia, a revolução burguesa, em si mesma, não mais pode realizar-se. A purificação da sociedade dos males feudais só é possível se o proletariado, liberto das influências dos partidos burgueses for capaz de se colocar à frente do campesinato e estabelecer sua ditadura revolucionária. Em função disso, a revolução burguesa mescla-se com a primeira fase da revolução socialista para, nesta, dissolver-se em seguida. A revolução nacional torna-se, assim, apenas um elo da revolução proletária internacional. A transformação dos fundamentos econômicos e de todas as relações sociais adquirem um caráter permanente.

Para os partidos revolucionários dos países atrasados da Ásia, América Latina e África, a compreensão clara da relação orgânica entre a revolução democrática e a revolução socialista internacional é uma questão de vida ou morte.

7. Mostrando como o capitalismo arrebanha em seu turbilhão os países atrasados e bárbaros, o Manifesto nada diz a respeito da luta dos povos coloniais e semi-coloniais pela sua independência. À medida que Marx e Engels pensavam que a vitória da revolução socialista, "nos países civilizados pelo menos", era uma questão a ser resolvida nos anos seguintes, o problema das colônias resolver-se-ia igualmente não como o resultado de um movimento autônomo dos povos oprimidos, mas, simplesmente, como a conseqüência da vitória do proletariado nas metrópoles capitalistas. Esta é a razão pela qual as questões da estratégia revolucionária nos países coloniais e semi-coloniais nem mesmo estão esboçadas no Manifesto. Mas elas exigem soluções particulares. Dessa forma, é evidente que se a "pátria nacional" se tornou o pior obstáculo à revolução proletária nos países capitalistas avançados mantém-se ainda como um fator relativamente progressista nos países atrasados que são obrigados a lucrar por sua existência nacional independente. "Os comunistas, declara o Manifesto, apoiam, em todos os países, qualquer movimento revolucionário contra a ordem social e política existente. " O movimento das raças de cor contra os opressores imperialistas é um dos mais poderosos e importantes movimentos contra a ordem social existente e é esta a razão pela qual necessita do total apoio, indiscutível e sem reticências, do proletariado de raça branca. O mérito de haver desenvolvido a estratégia revolucionária dos povos oprimidos é, sobretudo, de Lênin.

8. O trecho que mais envelheceu no Manifesto - não quanto a seu método, mas quanto a seus objetivos - é a crítica da literatura "socialista" da primeira metade do Século XIX (Capítulo 3) e a definição da posição dos comunistas em relação aos diversos partidos de oposição
No que diz respeito ao problema dos partidos de oposição, as décadas que nos separam do Manifesto provocaram as mais profundas mudanças: não apenas os velhos partidos foram há muito substituídos por novos, como também o próprio caráter dos partidos e de suas mútuas relações modificou-se radicalmente. Sob as condições da época imperialista, o Manifesto, portanto, deve ser complementado pelos documentos dos quatro primeiros congressos da Internacional Comunista, pela literatura fundamental do bolchevismo e pelas decisões das conferências do movimento pela IV Internacional. 

Lembramos acima que, segundo Marx, nenhuma ordem social deixa a cena da História antes de haver esgotado todas n.- suas possibilidades. Entretanto, uma ordem social, mesmo já tendo caducado, não cede seu lugar sem opor resistência a uma nova ordem. A sucessão dos regimes sociais supõe a mais nêspera luta de classes, isto é a revolução. Se o proletariado, por uma razão ou outra, se mostra incapaz de derrubar a ordem burguesa que sobrevive, não resta ao capital financeiro, em luta para manter seu domínio abalado, senão transformar a pequena burguesia, por ele. levada ao desespero e à desmoralização, no exército de terror do fascismo. A degeneração burguesa da social-democracia e a degeneração fascista da pequena burguesia estão entrelaçadas como causa e efeito.

Em nossos dias, a IV Internacional Comunista leva a cabo, em todos os países, com uma obscenidade ainda maior, a obra de engodo e desmoralização dos trabalhadores. Massacrando a vanguarda do proletariado espanhol, os mercenários sem escrúpulos de Moscou não apenas abrem caminho, para o fascismo, como também realizam uma boa parte de seu trabalho. A longa crise da revolução internacional, que cada vez mais se transforma em crise da cultura humana, reduz-se, no fundo, à crise da direção revolucionária do proletariado.

Como herdeira da grande tradição para a qual o Manifesto do Partido Comunista é o mais precioso elo, a IV Internacional educa novos quadros para resolver antigas tarefas. A teoria nada mais é do que a realidade generalizada. Em uma atitude honesta com respeito à teoria revolucionária se expressa a apaixonada vontade de refundir a realidade social. O fato de que ao sul do continente negro nossos camaradas de idéias traduziram pela primeira vez o Manifesto é uma evidente confirmação de que, em nossos dias, o pensamento marxista só está vivo sob a bandeira da IV Internacional. O futuro pertence-lhe. Quando se comemorar o centenário do Manifesto do Partido Comunista, a IV Internacional será a força revolucionária determinante em nosso planeta. 
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10 de maio de 2013

José Carlos Miranda Coordenador do MNS intervem no STF, denunciando o racismo e o capitalismo

Material para leitura atividade de formação em São Paulo:


"Bom dia, Vsa. Excelência Ministro Ricardo Lewandowiski, Vice-Procuradora da República Dra. Débora Duprat. Bom dia senhoras e senhores.

A foto projetada foi tomada pelo fotógrafo Osmário Marques na comunidade quilombola Serrote do Gado Bravo em Pernambuco e ganhou o 14º prêmio Cristina Tavares do Jornal Diário de Pernambuco.

Duas crianças quilombolas, uma branca e outra negra. Qual criança deve a outra, quem deve a quem?

Aqui nós ouvimos duas versões da história: a de que os brancos são culpados pela escravidão, a de que os negros são culpados pela escravidão. Estas versões são falsas. São falsas porque a história não foi feita pela luta de homens de uma cor contra homens de outras cores. A história se movimenta pela luta de classes. E quem é o culpado pela exploração, pela opressão, pela colonização, pela espoliação do continente Africano não são os homens de cor branca, indistintamente. Insistir nessa espécie de “romantismo histórico” é distorcer os fatos e buscar caminhos diferentes dos ensinamentos da história.

Foi a necessidade da exploração intensiva de mão de obra, da produção de mercadorias com baixa tecnologia e alta exploração que criou as premissas da escravidão nos períodos iniciais do capitalismo. A escravidão foi praticada sistematicamente pelos capitalistas no Haiti para a produção de açúcar; nos EUA para a produção de algodão necessário ao funcionamento das fábricas inglesas; na América espanhola os astecas e incas foram escravizados para a extração do ouro e da prata. 

No Brasil, a escravidão negra foi feita para a produção do algodão, do açúcar, para a extração de ouro e diamantes. Em outras palavras, toda a escravidão, tanto de negros como dos índios teve um objetivo: a acumulação primitiva do capital, o desenvolvimento do capitalismo.

Portanto se houve o “pecado capital” da escravidão ela não foi culpa dos homens brancos, contra os homens negros e sim da nova classe social que surgia: a burguesia e seu sistema de exploração.

Os beneficiários dessa super-exploração foram elites na Europa e suas sócias menores nas Américas e África.

O racismo - seja ele praticado contra os negros, contra os índios, contra qualquer povo - tem um objetivo hoje: dividir os trabalhadores e impedir que eles mostrem os verdadeiros culpados pela existência dessa excrescência: o capital e seus donos, os capitalistas.

Como o grande filósofo Karl Marx constatou no livro primeiro de O Capital: "o sistema capitalista nasce exalando sangue pelos poros".

Por isso o lema do Movimento Negro Socialista é: "racismo e capitalismo são duas faces da mesma moeda".

A retórica de dívida com o “povo negro” só é possível ser afirmada distorcendo e escondendo a verdadeira história e o sistema que se beneficiou da escravidão.

E é possível modificar a atual situação das imensas desigualdades sociais, mesmo dentro desse sistema?

É claro que é possível!

E isso começa oferecendo educação de qualidade e gratuita para todos, no ensino básico e fundamental e em nível universitário.

Como é possível que este país que não tem universidades públicas para todos, despeje milhões e milhões de reais nas universidades particulares via isenção de impostos, subsidiando os chamados “tubarões do ensino” onde muitos cursos mal chegam à média da avaliação do MEC?

Como é possível que se paguem bilhões e bilhões de reais para os capitalistas banqueiros, enquanto o povo sofre com a falta de saúde, de educação, de moradia digna?

Os recursos existem no orçamento e há muito tempo. O que falta é vontade política para reverter essa situação.

Mas voltemos à cor da pele e à aplicação de políticas raciais para concessão de benefícios extras.

Pela televisão todos os brasileiros vêem, hoje, trabalhadores sendo libertos de condições de escravidão ou semi-escravidão e podem verificar a cor deles! Agora vamos dizer a eles que os brancos são diferentes dos negros?

As cotas raciais são a ponta do iceberg do profundo significado e simbologia de uma sociedade racializada.

Aplicando estas políticas a partir da educação, desde a infância, estaremos ensinando as crianças que elas terão direitos diferentes.

Ao mesmo tempo se propõe cotas para as empresas como no Capitulo V artigo 45 do PL 3198, o estatuto racial, aprovado por unanimidade na Câmara dos Deputados: "O poder publico poderá disciplinar a concessão de incentivos fiscais às empresas com mais de vinte empregados que mantenham uma cota mínima de 20% de trabalhadores negros".

A história já nos mostrou onde vai parar esta situação: primeiro ensina-se desde a infância aos filhos dos trabalhadores que existem “raças humanas” e que existe uma dívida dos “brancos” para com os “negros”.

Quando esssas crianças chegam ao mercado de trabalho, a lei impõe privilégios para trabalhadores de pele escura. Qual a próxima consequência?

A constituição de sindicatos de brancos e negros.

Enfim um país onde a luta por direitos universais, ou seja para todo o povo trabalhador se dissolverá na luta por direitos para etnias, povos, raças.

Imaginem dois pais ou mães, chefes de família, que têm a mesma vida dura, moram na mesma comunidade, um de pele clara e outro de pele escura. Imaginem o trabalhador de pele mais clara perder a oportunidade de emprego em detrimento de seu vizinho que tem a pele mais escura. Imaginem essa situação se repetindo por milhões de vezes!

A história já nos ensinou onde as consequências da luta pela sobrevivência podem parar!

Em toda história aqueles que se utilizaram de argumentos raciais sempre foram os conservadores, os reacionários: De Loius Farracan a Idi Amim Dada; De Moussoline a Botha; De Hitler a Radovan Karadzic.

Todos levaram a seus povos a tragédia! Não é esse o futuro, mesmo que longínquo, que queremos para nossos filhos e netos.

Essa política adotada de cotas raciais por Nixon e exportada pela bilionária Fundação Ford, tem um objetivo: acabar com a luta por direitos universais, ou melhor dizendo, por recursos públicos para o povo trabalhador.

É a política da divisão da carência para que os mesmos de sempre continuem cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, e ainda por cima opondo, uns contra os outros, trabalhadores e filhos de trabalhadores que lutam todos os dias pelos seus direitos, pela sua sobrevivência.

Criando uma divisão que não existe em nosso país.

Nos EUA, país mais rico e poderoso do mundo, desde o início da aplicação dessas políticas, a distância entre pobres e ricos, brancos e negros, aumentou; o racismo continuou. É verdade, se constituiu uma pequena burguesia negra que, como podemos observar, se agarrou com unhas e dentes ao sistema que os criou e a maioria dos negros, principalmente a juventude, continuou na mesma situação ou pior ainda como podemos observar na última crise.

Ministros desta Corte, Senhoras e senhores.

Hoje no Brasil devem existir centenas, talvez milhares de leis com base na idéia da classificação racial.

Está em vossas mãos uma importante decisão que pode ou não marcar as futuras gerações com a retrógrada idéia de classificação racial que só trouxe tragédia em todos os povos onde foi implementada.

Está em vossas mãos evitar que um mal maior se faça.

A defesa das políticas raciais só pode ser levada adiante por aqueles que desistiram da luta por igualdade.

De nossa parte continuamos confiantes na força do povo trabalhador brasileiro. Essa brava gente brasileira que tantas lutas travou por liberdade e igualdade. Temos a convicção que é através dessa força e energia que as imensas desigualdades serão superadas.

E poderemos viver numa sociedade onde a palavra felicidade não seja de um futuro distante e sim o cotidiano do povo trabalhador brasieliro. E onde as pessoas sejam avaliadas pela força de seu caráter e não pela cor a sua pele!

Obrigado!"
José Carlos Miranda
Movimento Negro Socialista (MNS)


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Formação política em São Paulo: "Racismo, Racialismo e Unidade de Classe" e "Manifesto Comunista". Confira as datas

Racismo, Racialismo e Unidade de Classe

Informante: José Carlos Miranda, coordenador nacional do Movimento Negro Socialista (MNS)

Dia 11/05 às 10h00

Local: Livraria Marxista (Rua Tabatinguera, 318, próximo ao Poupa tempo e Sé)

Material para leitura:

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Manifesto Comunista de Karl Marx e Frederick Engels - sua atualidade e importância para a luta de classes

Informante: Arthur Penna, militante da Juventude Marxista

Dia 25/05 às 10h00

Local: Livraria Marxista (Rua Tabatinguera, 318, próximo ao Poupa tempo e Sé)

Informações: (11) 3104-0111
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